Por André Botelho

Moldar não seria bem a palavra quando se refere a filosofia grega, mas pode ser aplicada a tradição judaíca.

Quando dizemos “Moldar” significa que algo foi “formado por”, “ esculpido por” e não é o caso da Filosofia Grega, apesar de se ter aproveitado muita coisa dela. O termo mais adequado para a situação seria que o Cristianismo aproveitou o que havia de útil na Filosofia grega (e também em outras filosofias) e foi moldado a partir da tradição Judaíca.
Vamos separar em dois tópicos para melhor entendimento:
𝐒𝐨𝐛𝐫𝐞 𝐚 𝐓𝐫𝐚𝐝𝐢çã𝐨 𝐉𝐮𝐝𝐚í𝐜𝐚/𝐂𝐫𝐢𝐬𝐭ã:
Nossa fé advem da Tradição Judaíca. Como povo escolhido para testemunhar a promessa da Nova e Eterna aliança (com Cristo), o povo hebreu eram os que faziam a transmissão viva da sagrada tradição e da palavra de Deus.
Com a Nova Aliança se cumprindo em Cristo, essa tradição foi confiado aos apostolos para fazerem a transmissão viva do envagelho e assim, formou-se a tradição “cristã”. Entretanto, nossa tradição tem ainda muito em comum com a judaíca. A maior parte da Bíblia é, na verdade, o Tanakh judaico, embora em ordem diferente, sendo utilizado como material de ensino moral e espiritual de todo o mundo cristão. Os profetas, patriarcas e heróis das escrituras judaicas são também conhecidos no cristianismo, que utilizam o texto judaico como base para a sua compreensão da história judaico-cristã e de figuras como Abraão, Elias e Moisés. Como resultado, grande parte dos ensinamentos judaicos e cristãos são baseados em um texto comum.
Em resumo, há um conjunto de crenças em comum do judaísmo e o cristianismo, bem como a herança das tradições judaicas herdadas pelos cristãos. Por isso, por sermos a “sequencia” da história sagrada no mundo, podemos dizer que fomos moldados pela tradição judaíca.
𝐒𝐨𝐛𝐫𝐞 𝐚 𝐅𝐢𝐥𝐨𝐬𝐨𝐟𝐢𝐚 𝐠𝐫𝐞𝐠𝐚 (𝐞 𝐝𝐞𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐟𝐢𝐥𝐨𝐬𝐨𝐟𝐢𝐚𝐬):
Neste caso não fomos moldados por essas filosofias, mas aproveitamos muito delas para ajudar a explicar as verdades de fé Cristãs! Principalmente, sua estrutura organizacional de lógica.
Para entender esse uso, devemos ter noção do conceito de Lei Natural. Diz o Catecismo:
“1954. O homem participa na sabedoria e na bondade do Criador, que lhe confere o domínio dos seus actos e a capacidade de se governar em ordem à verdade e ao bem. A lei natural exprime o sentido moral original que permite ao homem discernir, pela razão, o bem e o mal, a verdade e a mentira:
«A lei natural [...] está escrita e gravada na alma de todos e de cada um dos homens, porque não é senão a razão humana ordenando fazer o bem e proibindo pecar... Mas este ditame da razão humana não poderia ter força de lei, se não fosse a voz e a intérprete duma razão superior, à qual o nosso espírito e a nossa liberdade devem estar sujeitos»
1956. Presente no coração de cada homem e estabelecida pela razão, a lei natural é universal nos seus preceitos, e a sua autoridade estende-se a todos os homens. Ela exprime a dignidade da pessoa e determina a base dos seus deveres e direitos fundamentais:
«Existe, sem dúvida, uma verdadeira lei, que é a recta razão; ela é conforme à natureza, comum a todos os homens; é imutável e eterna; as suas ordens apelam para o dever; as suas proibições desviam da falta. [...] É um sacrilégio substituí-la por uma lei contrária: e é interdito deixar de cumprir uma só que seja das suas disposições; quanto a ab-rogá-la inteiramente, ninguém o pode fazer» (
1959. Obra excelente do Criador, a lei natural fornece os fundamentos sólidos sobre os quais o homem pode construir o edifício das regras morais que hão-de orientar as suas opções. Também nela assenta a base moral indispensável para a construção da comunidade dos homens. Enfim, proporciona a base necessária à lei civil, que a ela se liga, quer por uma reflexão que dos seus princípios tira as conclusões, quer por adições de natureza positiva e jurídica.” (CIC, 1954 a 1959)
Ou seja, Deus criou ordem no universo e leis universais que podem ser acessiveis pela razão humana indepentene de sua fé. São preceitos que moldam todo o universo e sua realidade e são a base para a moralidade humana, leis da natureza, leis civis, etc.
Assim, muitos filosofos conseguiram alcançar essa lei natural e checar a conclusões lógicas reais. Por exemplo, Platão e Aristoteles concluíram que o homem tem uma alma imortal. Estão corretos e de acordo com a lei natural e a tradição judaica Cristã. Entretanto, o conceito de alma deles é um pouco diferente do nosso! Assim, é possivel validar a conclusão da alma imortal que bate com a nossa revelação ao mesmo tempo que discordar dos pormenores do conceito de alma sem prejuizo a fé.
Assim, os primeiros padres da Igreja se dedicaram a estudar obras filosoficas (principalmente as gregas) para ver o que em sua estritura pode ser aproveitada. São Basilio, um dos padres da Igreja disse:
“Tendo em vista ser pela virtude que devemos tomar posse desta nossa vida, e que muito já foi proferido em louvor da virtude pelos poetas e historiadores e mais ainda pelos filósofos, creio que deveríamos nos dedicar principalmente a essa literatura”
E completou:
“De um modo geral, devemos usar essas obras à maneira das abelhas, pois elas não visitam todas as flores sem discriminação, nem levam tudo das flores onde pousam, mas ao invés, tendo carregado somente o que lhes é necessário, deixam o restante para trás”
Então o Cristianismo não foi moldado pela filosofia grega em si, mas aproveitou o que ela trouxe de bom para ajudar a organizar as ideias Cristãs de maneira lógica e racional de modo a validar as verdades de fé que já existiam na tradição judaica/Cristã.
São Basilio é claro que utilizaram “apenas o que era necessário” e o que era descartavel ficou para trás. Grandes Doutores da Igreja como São Tomás de Aquino aproveitou muito das obras de Aristoteles, mas ele não concordava com tudo! E assim se fez com diversas outras filosofias mundo a fora.
Nossa Senhora lhe guarde.

Fonte: Grupo Duvidas Católicas - no Facebook

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