A ignorância é um mal invencível. Sófocles - Pensador

A salvação daqueles que não conhecem a verdade de Cristo é sempre objeto de reflexão por parte de muitas pessoas na Igreja e fora dela,afinal,por exemplo, com associar a salvação a um indígena que não conheceu a verdade? um Hindu,habitante da India ou até mesmo um Muçulmano,como a doutrina católica se posiciona sobre isso?

Existem na Igreja dois princípios fundamentais a cerca deste assunto: o primeiro é que Deus quer que todos os homens se salvem e que cheguem ao conhecimento da verdade, como diz Paulo na segunda carta a Timóteo. Conhecer, neste sentido, equivale a aderir, acolher na própria vida o Senhor.

O segundo: historicamente, o Evangelho não chegou a conquistar todos os corações, seja porque não chegou materialmente a todos os lugares da Terra, seja porque, ainda que chegue, nem todos o acolhem.

Sobre  isso, nos diz  a teóloga Ilaria Morali, professora de teologia na Faculdade de Teologia da Universidade Pontifícia Gregoriana de Roma, especializada no tema da Graça:

“A doutrina cristã da salvação é muito clara”.

Para explicá-la, recorreria a dois textos do Magistério: o primeiro é um discurso de Pio IX com ocasião do consistório que aconteceu em 8 de dezembro de 1854, por ocasião da solene proclamação do dogma da Imaculada Conceição. O Papa disse que os que ignoram a verdadeira religião, quando sua ignorância é invencível, não são culpados deste fato ante os olhos de Deus.

Anos depois quis retomar este ensinamento declarando o sentido da ignorância invencível na carta encíclica «Quanto conficiamur moerore», de 1863: «É sabido –escreveu–que os que observam com zelo a lei natural e seus preceitos esculpidos por Deus no coração de todo homem podem alcançar a vida eterna se estão dispostos a obedecer a Deus e se conduzem uma vida reta».

Pio IX voltou a propor uma convicção consolidada já há séculos na teologia cristã: há homens e mulheres que, por várias razões, seja por condicionamentos culturais, seja por uma experiência ou um contato negativo com a fé cristã, não chegam ao consentimento da fé.

Ainda que pareça que estas pessoas rejeitem conscientemente a Cristo, não se pode emitir um juízo inquestionável sobre esta rejeição.

Ignorância invencível indica precisamente uma condição de falta de conhecimento com respeito a Cristo, à Igreja, à fé, falta de conhecimento que, pelo momento, não pode ser superado com um ato de vontade.

A pessoa está bloqueada, como impossibilitada para chegar ao «sim» da fé. Como experimentamos todos os dias entre nossos conhecidos, as razões pelas quais muitas pessoas dizem não a Cristo são múltiplas. Uma desilusão, uma traição, uma má catequese, um condicionamento cultural e social…

Pio IX mesmo admitiu a dificuldade de delimitar os casos de ignorância invencível, perguntando-se «quem terá o poder de determinar os limites dessa ignorância segundo a índole e a variedade dos povos, das regiões, dos espíritos e de tantos outros elementos? ».

Pio IX ensina-nos, pois, uma grande prudência e um grande respeito por quem não tem o dom da fé em Cristo.

Não somos capazes de compreender até o final as razões de uma rejeição da fé, nem podemos saber com certeza que quem aparentemente parece que não tem fé, na realidade tem uma forma muito imperfeita de fé.

Para nós, cristãos batizados é bom recordar que nosso batismo não é uma garantia automática de salvação. Se assim fosse, o esforço por conduzir uma vida cristã seria inútil. Cada cristão deve esforçar-se por merecer esta salvação com uma vida de fidelidade a Deus, de caridade para com os irmãos, de boas obras. Contudo, ninguém pode estar seguro da própria salvação, porque só Deus tem o poder de concedê-la.”.

 

Fonte : https://blog.comshalom.org/carmadelio/voce-sabe-o-que-e-ignorancia-invencivel/

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