Os católicos não podem se deixar levar pelas superstições


 


 


A data de 06-06-06 fez surgir muitas perguntas sobre o 666 do Apocalipse de São João. O que ele significa? Os católicos não podem se deixar levar pelas superstições que se originaram ao redor desta data.
Para não ser enganado é preciso saber o que os números representavam
para os antigos judeus. Por exemplo, os 144 mil eleitos (Apocalipse,
cap. 14): é o povo cristão, que não aderiu ao culto imperial,
permanecendo fiel a Cristo. 144.000 = 12 x 12 x 1000. O número 12 era
símbolo da perfeição e é citado 187 vezes na Bíblia. O número 1000
representava a glória de Deus.




O simbolismo do 666 é claramente interpretado pela Igreja.
A mentalidade judia afirmava que o número 7 significava a perfeição e o
contato com Deus, e o que estava abaixo era imperfeito, de modo que o
número 6 era sinal de imperfeição, erro. Temos por exemplo os 7
Sacramentos, os 7 dons do Espírito Santo, as 7 dores de Virgem Maria e
de São José, etc; é um número símbolo de perfeição. O número 6 repetido quer dizer "perfeição da maldade"
e o autor do Apocalipse identifica a besta com o 666, fala desta como
de vários personagens ou de alguém que perseguia os cristãos dessa
época.




É bom lembrar que o Apocalipse foi escrito no final do séc. I (95
d.C), em grego, e tinha como destinatário as comunidades cristãs da
Ásia Menor (Ap 1,4; 2,1-3,22) que falavam o grego. Nessa época, esta
região estava sob o domínio do Império Romano e o Cristianismo era
duramente perseguido pelo terrível imperador Domiciano (81-96 d.C). Este
imperador se considerava um deus e exigia que todos os seus súditos o
adorassem, o que os cristãos jamais aceitaram.




São João, assim, escreve o Apocalipse, divinamente inspirado, e
proclama que, no final, o Cristianismo sairá vencedor. Querendo dizer
quem era a Besta, sem poder falar claramente para não ser acusado de
crime de "lesa majestade" (estava desterrado na ilha de Patmos por causa
da Palavra de Deus - cf. Ap. 1,9). De maneira que o apóstolo fez uso da
gematria, que consistia em atribuir um número formado pela soma das
letras de certo alfabeto para expressar uma verdade conhecida pelos
leitores.




Os povos antigos não usavam o sistema arábico (o nosso) para
expressar os números, mas sim, as próprias letras do alfabeto. Os
romanos usavam apenas 7 letras. Também os judeus e os gregos atribuíam
números às letras de seus respectivos alfabetos, mas de forma muito mais
ampla que os romanos, já que toda letra (grega ou hebraica) possuía um
certo valor. Alfabeto Grego: Alfa = 1; Beta = 2; Gama = 3; Delta = 4;
Epsilon = 5; Stigma = 6 (antiga letra grega que depois de certo tempo
deixou de ser usada); Zeta = 7; Eta = 8; Teta = 9; Iota = 10; Kapa = 20;
Lamba = 30; Mu = 40; Nu = 50; Xi = 60; Omicron = 70; Pi = 80; Ro = 100;
Sigma = 200; Tau = 300; Upsilon = 400; Phi = 500; Chi = 600; Psi = 700 e
Omega = 800. Alfabeto Hebraico: Alef = 1; Bet = 2; Guimel = 3; Dalet =
4; He = 5; Vau = 6; Zayin = 7; Chet = 8; Tet = 9; Yod = 10; Kaf = 20;
Lamed = 30; Mem = 40; Num = 50; Sameq = 60; Ayin = 70; Pe = 80; Tsadi =
90; Kof = 100; Resh = 200; Shin = 300; Tau = 400.




São João era de origem hebraica e escreveu o Apocalipse em grego.
Se fizermos a gematria da expressão grega "NVRN RSQ" (César Nero),
usando o alfabeto hebraico, totalizaremos 666, pois:
N(50)V(6)R(200)N(50) R(200)S(60)Q(100)=666.





As comunidades da Ásia Menor falavam o grego, mas conheciam os
caracteres hebraicos. São João misturou aí os dois idiomas, ou seja, o
grego e hebraico por esse fato. Se, acaso, o livro caísse nas mãos das
autoridades romanas, que não conheciam o hebraico, não colocaria em
risco seus leitores. Nero (†67) foi o primeiro grande perseguidor dos
cristãos e, na época em que foi escrito o Apocalipse (anos 90),
Domiciano voltava a perseguir os cristãos com mais força e crueldade.
Era “um novo Nero”. Esta e outras evidências levaram aos estudiosos a
interpretar que a Besta do Apocalipse era o próprio Imperador Romano, perseguidor dos cristãos.




O Ap 17,10-11 reafirma esta interpretação. Este versículo diz:
"São também sete reis, dos quais cinco já caíram, um existe e o outro
ainda não veio, mas quando vier deverá permanecer por pouco tempo. A
Besta que existia e não existe mais é ela própria o oitavo e também um
dos sete, mas caminha para a perdição". Os reis de que trata a citação
são os imperadores romanos. Considerando, cronologicamente, os
imperadores a partir da vinda de Cristo, até a época da redação do livro
do Apocalipse: 5 já caíram - Augusto (31aC-14dC), Tibério (14-37dC),
Calígula (37-41dC), Cláudio (41-54dC) e Nero (54-68dC); 1 existe –
Vespasiano (69-79dC); e 1 que durará pouco – Tito (79-81dC: só 2 anos!);
a besta é o oitavo – Domiciano (81-96dC).




E as duas bestas (Apocalipse, cap.13) quem são? A primeira besta, que sobe do mar (v. 1), é o próprio imperador de Roma, Domiciano
(como foi explicado); o mar é o Mar Mediterrâneo, onde se localizava
Roma, a capital do Império. Sua autoridade vem de Satanás (v. 2) e as
palavras blasfêmicas que profere (v. 5) se referem ao culto de adoração
ao imperador imposto por Domiciano a todos os povos do Império. A
segunda besta, que sai da terra (v.11), classificada como "falso
profeta" (Ap 16, 13; 19,20; 20,10), é a ideologia do culto imperial favorecido pelas religiões pagãs.
A prostituta (caps. 16-17) significa a Roma pagã e idólatra (v. 9). Os
reis das terras que se prostituíram com ela (v. 2) são os povos que
adotaram o culto de adoração ao imperador.




De maneira figurada o 666 pode ser símbolo também de toda força,
cultura, pessoa, que combata contra Deus e a sua santa Igreja. São João
dizia, no séc. I, que o anti-Cristo já estava no mundo. 





Autor: Felipe Aquino


Fonte:  http://www.cancaonova.com/

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