De acordo
com as Escrituras, Salomão, rei de Israel, foi um dos maiores
pesquisadores da Antigüidade oriental. Conforme o registro, ele
“discorreu sobre todas as plantas, desde o cedro que está no Líbano até
ao hissopo que brota do muro; também falou dos animais e das aves, dos
répteis e dos peixes”. Seu conhecimento se tornou famoso, a ponto de vir
gente de todos os povos beber de sua vasta erudição (1 Reis 4. 29-34).



Entretanto, durante a maior parte de sua vida, este notável
pesquisador esteve frustrado quanto ao que havia aprendido. Ele
manifestou esta frustração em diversas falas dirigidas ao seu povo, e
que foram registradas em um livro, chamado Eclesiastes, ou O Pregador,
que posteriormente foi incluído no cânon bíblico.



Algumas das suas frustrações estão reveladas no parágrafo abaixo:



“Eu,
o Pregador, venho sendo rei de Israel, em Jerusalém. Apliquei o coração
a esquadrinhar e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede
debaixo do céu; este enfadonho trabalho impôs Deus aos filhos dos homens, para nele os afligir. Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento. Aquilo que é torto não se pode endireitar; e o que falta não se pode calcular.
Disse comigo: eis que me engrandeci e sobrepujei em sabedoria a todos
os que antes de mim existiram em Jerusalém; com efeito, o meu coração
tem tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento. Apliquei o
coração a conhecer a sabedoria e a saber o que é loucura e o que é
estultícia; e vim a saber que também isto é correr atrás do vento. Porque na muita sabedoria há muito enfado; e quem aumenta ciência aumenta tristeza.
(Eclesiastes 1:12-18; minha ênfase).



O cientista Salomão considerou a pesquisa e a busca do conhecimento como algo enfadonho,
uma espécie de trabalho imposto por Deus ao homem. O enfado
provavelmente era decorrente do fato que o conhecimento não era capaz de
endireitar o que era torto. A impotência do conhecimento diante da
realidade da vida deve ter levado o pesquisador ao desânimo, quando
escreveu estas palavras: “quem aumenta ciência aumenta tristeza”. Quanto
mais ele veio a conhecer, a acumular sabedoria e ciência, mais
descobriu sua impotência em mudar a realidade humana. Daí sua tristeza.



Além disto, Salomão percebeu que todo seu conhecimento não fazia a
menor diferença em termos práticos: o que acontecia com o sábio
pesquisador, acontecia com o tolo. Qual a vantagem, pois, de ser sábio,
pergunta ele:



“Os
olhos do sábio estão na sua cabeça, mas o estulto anda em trevas;
contudo, entendi que o mesmo lhes sucede a ambos. Pelo que disse eu
comigo: como acontece ao estulto, assim me sucede a mim; por que, pois,
busquei eu mais a sabedoria? Então, disse a mim mesmo que também isso
era vaidade. Pois, tanto do sábio como do estulto, a memória não durará
para sempre; pois, passados alguns dias, tudo cai no esquecimento. Ah!
Morre o sábio, e da mesma sorte, o estulto! Pelo que aborreci a vida,
pois me foi penosa a obra que se faz debaixo do sol; sim, tudo é vaidade
e correr atrás do vento”.
(Eclesiastes 2:14-17).



À
medida que se enfiava ainda mais em suas pesquisas, Salomão refletia
sobre o motivo pelo qual as pessoas buscam o conhecimento e a sabedoria.
E chegou a uma conclusão desalentadora:



“Então, vi que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da inveja do homem contra o seu próximo. Também isto é vaidade e correr atrás do vento.” (Eclesiastes 4:4; minha ênfase).



Num
certo sentido, Salomão estava profetizando acerca do que hoje chamamos
“as vaidades da academia”. No fundo, é a mesma coisa: na academia há
pessoas que procuram avançar e distinguir-se em suas carreiras,
ajuntando mais e mais títulos e construindo currículos quilométricos,
por causa da competição, da inveja em relação aos outros. É claro que
esta seria uma generalização injusta. Mas, sem dúvida, ela toca em um
nervo exposto, que fica no mais íntimo do coração, no âmbito das
motivações. A falta do verdadeiro espírito do pesquisador entristeceu
Salomão, ao perceber que muito se faz por causa da inveja.



Mas o desânimo do nosso pesquisador judeu não terminou ai. A conclusão a que chegou foi esta:



“Não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne" (Eclesiastes 12:12).



O
que teria levado um pesquisador tão brilhante a considerar o resultado
de seu trabalho enfadonho, tristeza e vaidade? É que ele percebeu que a
busca do conhecimento e da ciência per si não é capaz de satisfazer os
anseios mais profundos da alma humana. Quando, porém, percebeu que o
conhecimento deve ser buscado dentro de um contexto maior, em que Deus é
o referencial, conseguiu perceber sentido na vida e achar o seu fator
unificador:



“Lembra-te
do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias,
e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer. De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos;
porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo
todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam
más.”
(Eclesiastes 12:1 e 13-14).



Salomão
concluiu que a suma de todo o conhecimento é o temor a Deus, que se
expressa em obediência voluntária à Sua vontade. É preciso explicar que
este temor não é a mesma coisa que medo, mas um respeito profundo que
parte de um coração agradecido e confiante.



A tabela abaixo resume o ensino do sábio Salomão sobre este ponto:



O Caminho da Verdadeira Ciência (sabedoria) (Eclesiastes 12.14)



Suma: sem temor (respeito) a Deus, tudo é vaidade.













Aprendizado sem Deus
--------------------->
Cinismo (1.7-8)
Grandeza sem Deus
--------------------->
Tristeza (1.16-18)
Prazer sem Deus
--------------------->
Desapontamento (2.1-2)
Trabalho sem Deus
--------------------->
Ódio pela vida (2.17)
Filosofia sem Deus
--------------------->
Vazio (3.1-9)
Eternidade sem Deus
--------------------->
Falta de realização (3.11)
Vida sem Deus
--------------------->
Depressão (4.2-3)
Religião sem Deus
--------------------->
Medo (5.4-7)
Riqueza sem Deus
--------------------->
Tribulações (5.12)
Existência sem Deus
--------------------->
Frustração (6.12)
Sabedoria sem Deus
--------------------->
Desespero (11.1-8)


O ponto de partida da sabedoria é o temor a Deus, uma atitude séria e profunda frente aos mandamentos de Deus



Temor a Deus
--------------------->
Realização (12.13-14)


(Bíblia de Genebra, p. 777).



O desafio para nós hoje é sermos pesquisadores que não abandonem o
ponto de partida do verdadeiro conhecimento, que é o temor a Deus.





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