2 - Segundo a teologia e a filosofia católicas, o homem é um composto de alma (o elemento espiritual) e o corpo (o elemento material). A alma vivifica o corpo, formando com ele uma só unidade ou composto, que é a pessoa humana. A alma é o primeiro princípio de vida vegetativa, sensitiva e intelectiva da natureza humana, por onde o homem vegeta (respira, alimenta-se), sente (locomove-se) e entende (pensa, raciocina, conclui). Segundo a filosofia aristotélico-tomista, a alma é substância simples, espiritual e imortal, substancialmente unida ao corpo.
Por sua natureza espiritual e enquanto princípio da nossa vida intelectiva, a alma pode ser chamada de espírito, embora ela seja criada para viver unida ao nosso corpo. A separação que se dá entre a alma e o corpo, com a morte, é provisória, pois no fim dos tempos haverá a ressurreição da carne, formando-se novamente o composto humano corpo-alma.
Não há lugar, pois, para um segundo elemento espiritual vivificando o corpo humano, pois isso introduziria uma desordem na personalidade humana, em sua unidade. Esse foi, e é, o erro de inúmeros hereges e ocultistas, os quais julgam que além da alma e do corpo, o homem possui uma partícula divina, a que chamam de espírito (pneuma em grego).
É preciso insistir, entretanto, em que a alma humana desempenha várias funções, englobando em si os princípios da vida vegetativa (crescimento e manutenção do corpo), da vida sensitiva (sensações, função que ela exerce unida ao corpo), e finalmente a puramente espiritual, como é a de pensar, querer, amar etc.
Assim, o texto de São Paulo citado pelo missivista --“Que todo o vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses, 5, 23) ou, mais ainda na carta aos hebreus (IV,12), citamos nós -- é explicado pelos exegetas católicos, como por exemplo o Pe. J.M. Bover S.J., em seu livro Teologia de San Pablo, como uma distinção que o Apóstolo faz de dois aspectos da mesma alma: enquanto princípio de animação do corpo e enquanto elemento puramente espiritual que sobrepassa e sobrevive ao corpo, como dissemos acima. Ter o “espírito, a alma e o corpo” preparado para a vinda de Nosso Senhor, significa uma entrega total do homem inteiro “de todo o ser”, como diz o mesmo Apóstolo, sem reserva alguma, a Deus Nosso Senhor.
A utilização de alma e espírito que aparece também em outros lugares da Escritura, como, por exemplo, no Cântico de Nossa Senhora, “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria” (São Lucas, 1, 46-47), é um modo enfático de dizer que todo o ser se engaja, se entrega, exulta, com a ação de Deus.

Fonte: 

http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=905F49EE-3048-560B-1C43C99F3F52C5EE&mes=janeiro1999

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