Mário Eugênio Saturno
 
  Pesquisador Tecnologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),
 
  Pesquisador convidado da NASA (National Aeronautics and Space Administration)
 
  para o projeto AQUA, Professor da FAFICA, coordenador diocesano das 
 
  Congregações Marianas. Email: saturno@dea.inpe.br.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  Durante milhares de anos, pergunta-se sobre a existência do universo. De onde 
 
  vem tudo isso? Foi criado como ensina a Igreja? Ou terá sempre existido,
 
  conforme a tese de muitos filósofos? E quem está correto? Neste século 
 
  uma resposta apareceu no horizonte para iluminar nossas mentes em nosso 
 
  maior enigma.
 
 
 
 
 
 
  Em 1917, no monte Wilson, nos Estados Unidos, foi construído o maior 
 
  telescópio. Esse telescópio deu-nos uma nova visão do cosmo. Na mesma época, 
 
  Albert Einstein desenvolvia sua Teoria da Relatividade Geral. Nessa teoria,
 
  o universo de Einstein, necessariamente estaria se contraindo ou se expandindo,
 
  não poderia ser estático. Einstein acreditava, como todos, que o universo era 
 
  estático, assim, ele introduziu um truque em suas equações: a constante 
 
  cosmológica.
 
 
 
 
 
 
  Logo surgiu quem contestasse esse artifício. Entre eles um padre católico e 
 
  também astrofísico, nascido na Bélgica, em 17 de julho de 1894, Georges 
 
  Lemaitre. Lemaitre graduou-se engenheiro civil e serviu como oficial de 
 
  artilharia durante a Primeira Guerra Mundial. Depois, entrou no seminário e 
 
  tornou-se Padre em 1923. Então, estudou na Universidade de Cambridge 
 
  e no Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT). Em 1927, ele tornou-se 
 
  professor de astrofísica da Universidade de Louvain e propôs a Teoria do 
 
  Átomo Primitivo (depois conhecida como Teoria do Big Bang).
 
 
 
 
 
 
  Lemaitre acreditava que ciência e religião podem se complementar. 
 
  E, como outros padres cientistas que tiveram grande importância, coube a 
 
  Lemaitre corrigir o maior erro de Einstein.
 
 
 
 
 
 
  Lemaitre estudou teologia e matemática. Sabia mais sobre as fórmulas da 
 
  Relatividade que o próprio autor. Formulou suas próprias idéias sobre a 
 
  criação do universo, afirmando que houve um momento de início, a partir do 
 
  que ele chamou de átomo primordial. Uma origem cataclísmica, hoje 
 
  chamada de Big Bang (grande explosão). Enfrentou Einstein, mas não 
 
  conseguiu convencê-lo, nem a comunidade científica.
 
 
 
 
 
 
  Foi Edwin Hubble quem colocou fim à disputa. No início de 1920, Hubble foi ao 
 
  observatório do monte Wilson para provar que os borrões de luz (as nebulosas 
 
  espirais) no céu eram exteriores à Via Láctea, ou seja, eram outras galáxias.
 
   Com muito esforço, guiou o telescópio noites seguidas para produzir 
 
  uma única fotografia (já que a luz é muito fraca) da galáxia Andrômeda.
 
 
 
 
 
 
  De repente, o tamanho do universo foi aumentado em um bilhão de vezes, 
 
  mostrando-nos a nossa tamanha pequenez. Com o tempo ele aprendeu a medir a 
 
  distância pelo brilho. Então, ele descobriu, observando a luz que a galáxia 
 
  emitia, se uma galáxia estava em movimento e quão rápidas estavam. Deduziu 
 
  sua lei: quanto mais longe de nós está uma galáxia, mais rápido ela se afasta. 
 
  E todas estavam se afastando de nós, sugerindo a expansão do universo.
 
 
 
 
 
 
  Em 1931, quando Einstein foi visitar Hubble, Lemaitre viajou para a 
 
  Califórnia para confrontá-los. Usando a matemática de Einstein e as 
 
  observações de Hubble, Lemaitre convenceu-os de que a expansão era real e no 
 
  passado houve um início, uma grande explosão. Nascia a cosmologia moderna.
 
 
 
 
 
 
  Mas não foi ainda a vitória do Big Bang, houve oposição. Em 1948, Fred Hoyle 
 
  propôs a Teoria do Estado Constante, afirmando que o universo não teve um 
 
  começo como descrito por Lemaitre.
 
 
 
 
 
 
  A grande questão levantada por Hoyle era: se houve uma explosão, cadê a 
 
  radiação de fundo por todo o universo? Então, os cientistas partidários do 
 
  Big Bang souberam o que procurar.
 
 
 
 
 
 
  Em 1965, Bob Wilson, trabalhando para os Laboratórios Bell em uma antena 
 
  em forma de corneta descobriu um ruído que aparecia por onde quer 
 
  que apontasse. E, juntamente com seu colega Arno Penzel descobriram a ruído 
 
  de fundo que comprovou o Big Bang.
 
 
 
 
 
 
  Alguns dias após o anúncio da descoberta, em 1966, Lemaitre morreu. 
 
  Pôde testemunhar em vida a prova de que a Igreja estava certa ao afirmar 
 
  que o universo teve um início explicado na fórmula de Einstein, expressa na 
 
  matemática de Deus.
 
 
 
 
 
  Fonte: http://www.cemp.com.br/artigos.asp?id=6 
 
 
 
 
 
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