O homem é sempre atormentado pela
    consciência que tem da inexorável morte; morte, que é
    o término da existência, a revelar-lhe a vida; vida a pulular
    em vários matizes e formas a revelar-lhe um ordenamento; ordenamento
    inteligente a revelar-lhe a Criação; Criação
    a revelar-lhe o Criador - DEUS:


"Sua realidade invisível
- seu eterno poder e sua divindade - tornou-se inteligível, desde
a criação do mundo, através das criaturas..."
(Rm
1,20).


A ORIGEM é um desafio à
inteligência e a existência é um mistério ainda
não desvendado. O homem quer conhecer a origem de tudo e a finalidade
da existência. Vê que na natureza tudo é cíclico:
o dia começa, atinge o seu clímax e termina, para reiniciar
de novo em outro dia, sucessivamente; igualmente, as fases da lua; também,
as estações do ano a anunciar em cada primavera o reiniciar
e a continuidade existencial: novos frutos, novas ninhadas e novos seres.
Tudo recomeça. Tudo lhe inspira um começo novo e um fim a
vista. Tudo lhe inspira um recomeço após a morte e sente
o anseio pela vida eterna. Assim como tudo termina, tudo deve ter um começo.
E então o procura, o começo de tudo e a própria origem.
Tem a esperança de que o conhecimento da origem de tudo venha a
lhe revelar para que existe: só quem sabe de onde vem sabe aonde
vai, e a que se destina. Busca então localizar as minúcias
tanto físicas como cronológicas da sua origem obscura. Também
os contornos e detalhes que desconhece da sua criação, origem
e formação. Não só de si mesmo, mas de tudo
o mais que existe e o cerca. Mas, até hoje, só pôde
conhecer alguns traços ainda indecifráveis e complexos de
seu pequenos e esparso percurso histórico, e focalizado nas sucessões
cronológicas da sua existência, que se manifestam aqui e acolá,
fossilizados e dispersos no mundo por onde passa. A origem propriamente
dita, real, permanece-lhe um mistério, um enigma, não conseguindo
atingi-la. No âmago de toda a dinâmica existencial o homem
é o mistério do homem: não sabe de onde veio e não
sabe aonde vai; e, não sabendo disto, nada sabe de si mesmo, nem
mesmo o que é.

    Ao narrador bíblico, ao hagiógrafo,
    não existiu tal mistério insondável e nem lhe preocuparam
    muitos detalhes e complexidades: para ele a origem e o fim de tudo é
    DEUS, O CRIADOR DE TUDO O QUE EXISTE:


"No princípio,
Deus criou o céu e a terra. Ora, a terra estava vazia e vaga, as
trevas cobriam o abismo. O Espírito de Deus pairava sobre as águas"

(Gn 1,1-2)
Seus conhecimentos, "sua ciência",
eram delimitados por aquilo, e somente por aquilo que lhe informavam os
sentidos nus. Não possuía telescópios nem microscópios,
desconhecia qualquer fenômeno físico, químico ou bacteriológico,
bem como desconhecia por completo toda e qualquer conquista científica.
E, com os parcos recursos de que dispunha, traçou a linha de sua
concepção humana da Obra de Deus, culturalmente condicionada
ao seu tempo. Nascia assim a primeira "teoria científica" da origem
de tudo que o envolvia, profundamente mesclada com a concepção
religiosa e doutrinária, condicionada à sua época
e mentalidade. Por causa disso torna-se sumamente injusto avaliar a sua
teoria ou o seu desenvolvimento com base nas conquistas modernas, exigindo
dele conhecimentos que não possuía. É indispensável
um deslocar à sua cultura para melhor compreendê-lo, separando-se
ainda a verdade religiosa aí mesclada por revelação
e inspiração de Deus, já que ninguém presenciou
a Obra da Criação. Narra tudo com simplicidade e sem se deixar
prender e perder por mitos, superstições, fantasias ou lendas,
apesar de estar tudo paradoxalmente mesclado nela. Então, quando
diz que "Deus criou o céu e a terra", diz que "Deus criou tudo o
que existe", já que era tudo o que conhecia, todo o seu universo,
o qual se resumia ao que seus sentidos lhe informavam. Não conhecia
nem poderia conhecer as galáxias ou outros astros do sistema solar
ou do universo astronômico.




Fonte: http://www.mundocatolico.com.br/

    

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