O filme inicia com um lagarto preso dentro de um
aquário cheio de figuras que o lagarto considerava como amigos, dando a
cada um deles um significado apesar de serem simplesmente um peixe, um
torso de boneca e uma barata morta, ou seja, objetos. Até que o carro em
que se localiza o aquário passa em um asno e o vidro se quebra, dando
vazão a um novo mundo.  O filme segue mostrando a autodescoberta do personagem em torno de si mesmo e ao conhecer o mundo.


Apesar de ser classificado como um filme infantil
possui diálogos complexos inclusive para adultos, passando muitas
mensagens importantes. 





 








O personagem passa por 4 fases existenciais durante
o filme: a vida no aquário, o caminho até a sociedade, a inserção na
sociedade e sua libertação.


Fase 1- a vida no aquário: Durante a conversa com o asno ele assim define seu mundo“...tinha armado uma rede social intercomplexa  de amigos muito sofisticados, eu era muito popular”,
ou seja, apesar de não ter convivido com nenhum ser vivo até aquele
momento produziu um ambiente que o agradasse e desse sentido a vida, mas
que aos poucos foi perdendo seu poder e é quando começa a se questionar
quem é, que pode ser de um dançarino a um garanhão, e que para ser
herói precisa de um evento inusitado e transformador. Nessa hora seu
aquário quebra, dando vazão a um novo mundo onde o primeiro contato
mostra a falta de água, que era abundante no aquário.  





Fase 2- o caminho até a sociedade:
O primeiro contato que tem com esse mundo é a falta de água, logo após
se encontra com um asno que ao tentar atravessar a estrada teve seu
corpo virado pelo carro onde estava o aquário. O Asno é como uma
referência de onde ao fim o lagarto vai chegar e  afirma “O caminho do autoconhecimento é cheio de obstáculos”,
sendo que mesmo na dificuldade e tendo voltado ao normal o Asno não
desiste de atravessar a estrada, ou melhor, chegar ao outro lado. O
lagarto é um animal totalmente domesticado e na batalha do Lagarto e o
sapo contra a águia a ideia de individualmente somos fracos, mas juntos
somos fortes aparece claramente. Essa fase termina quando ele encontra
com a primeira pessoa civilizada, Feijão e uma água que seca rapidamente
no deserto.





Fase 3- a inserção na sociedade: Se inicia com o encontro com Feijão. Ela pergunta retóricamente a ele “quem é você?”
e ele ainda não tem resposta alguma, ou seja, falta de identidade. Ele
aos poucos vai inventando fatos para se definir, dito que não tinha
experiência alguma para tal. O fato de um porco guiar a carroça mostra
também o uso de animais na sociedade, nada diferente da nossa não? Já na
cidade começa a criar uma identidade imitando o andar de outras pessoas
e dá uma forma nela quando cria uma série de histórias e se denomina
Rango, nome encontrado na marca  do suco de cacto, porque
até esse momento não tinha identidade alguma, em outras palavras, seu
nome é o de uma marca. Coincidentemente as histórias que conta vão se
tornando verdade e a partir desse ponto se torna xerife  e
consegue descobrir uma extensa rede de corrupção e poder, afetando o
povo, representada pelo prefeito. O bar está cheio de cidadãos afogando
suas mágoas, havendo inclusive a cobrança de hipoteca por terras. A cena
no banco mostra uma mãe pobre tendo pouco para dar de estudo aos
filhos, a falta de água no banco, enfim temos na cidade o prefeito
representando oficialmente a lei e a corrupção por trás com seus
comparsas, Jake cascavel o bandido, a águia o herói/vilão temido, Rango o
herói social, o espírito do Oeste deus e a civilização, a quadrilha
como os marginalizados, Feijão o símbolo da reforma agrária, mas
principalmente a água como o bem social maior.





Fase 4- a libertação: Aqui ele reconhece quem é, sabe como ir atrás de seu objetivo e como alcançá-lo. Desarma a corrupção do prefeito, descobre  que
a falta de água para a sociedade é por ela estar sendo usada na
agricultura e que com a ajuda do espírito da civilização, ou melhor o
espírito do oeste é que descobriu isso. Existe também uma referencia aos
antigos nativos americanos representado pelo velho índio da cidade. A
conclusão sobre a água ao fim não é só que é importante para a saúde,
mas que representa poder e em algum momento ela irá tomar esse papel em
nossa sociedade. Curiosamente quando a água aparece a cidade muda o nome
de “poeira” para “lama”, porque será?





Conclusão





Dada a análise anterior, mais como uma apresentação
do filme do que como conclusão muitas coisas se tornam claras. É óbvio
que se você não assistiu ao filme muitas coisas não estão claras, ainda
assim vamos à frente. Temos na fase da vida no aquário um sujeito sem
identidade e referência alguma para tê-la que por um evento inusitado
cai em um mundo novo, onde “tem de chegar ao outro lado”,
encontrando um primeiro objetivo que é achar água, mas que passa pela
sociedade e é um sujeito que se sente guiado pelo espírito do oeste, ou
melhor, o espírito da civilização. Lá ele se torna o herói do cidadão,
mesmo que simultaneamente engane a si mesmo e a outros com a pura
coincidência de tudo dar certo. Já na cidade temos várias representações
sociais, entre elas o prefeito representando oficialmente a lei e a
corrupção por trás com seus comparsas, Jake cascavel o bandido, a águia o
herói/vilão temido, Rango o herói social, o espírito do Oeste deus e a
civilização, a quadrilha como os marginalizados, Feijão o símbolo da
reforma agrária, mas principalmente a água como o bem social maior.


 Nesse âmbito de relações há vários
conflitos, isto é, o prefeito aparece oficialmente como um bem feitor
pela visão dos cidadãos, mas por outro lado é quase um causador dos
problemas dos cidadãos, e por meio de seus capangas cobra hipoteca das
terras que antes eram de outros e foram “vendidas” a
ele, ou seja, no fim é um corrupto e bandido. Seu caminho é sempre
atrapalhado por Feijão que representa o movimento da reforma agrária e é
a única a resistir a vender seu terreno apesar das dificuldades, junto a
Jake cascavel que representa o bandido visto através da visão oficial e
curiosamente é uma cobra. Rango que apesar de não intencionalmente
descobre toda a farsa e o desmascara, tornando Jake Cascavel quase um
herói já que ao final ele o salvou da morte pela arma do prefeito.





Existem também os marginalizados, que roubam o
banco e causam grande confusão, possuindo uma população infinitamente
maior que a da cidade, ou seja, os moradores das favelas. Tudo isso por
trás de um tema: onde está a água? A resposta vem e é impressionante, as
árvores passam a andar, a natureza a se comunicar e mostram a Rango
onde ela está. Ela é a responsável por dar a fonte do ritual da quarta
feira aos cidadãos e o prefeito por ser o chefe do ritual. Ao mesmo
tempo Rango e Jake cascavel se tornam lendas, e lendas são naturalmente
exageradas, tanto é que Jake poderia ter matado Rango facilmente, mas a
imagem que ele criou não o permitiu. Jake matar o velho nativo americano
pode significar o fim daquela cultura. Não dá para esquecer do velho
Asno, que representa onde Rango deveria chegar, enfim toda essa relação
gerou um grande mal estar social a qual uma boa educação poderia evitar,
mas com um povo sem conhecimento o resultado é exatamente esse. O outro
lado onde o Asno queria chegar era onde a água se encontrava,  ou seja, conhecimento.





Para finalizar o filme faz jus a fala inicial do asno “Conhecimento, não somos nada sem isso” e a fala inicial do prefeito “Quem controla água, controla qualquer coisa”.
O poder na sociedade do filme veio da água, todos os conflitos e
problemas se originaram pela sua falta, o que gerou o fato de a água ser
moeda de troca. Onde a água foi parar? Na civilização, e foi justamente
encontrada com a ajuda do espírito do oeste, representante da
civilização. Apesar das tentativas do filme de mostrar tais cenas de
forma cômica e ser um filme de classificação infantil cheio de diálogos
complexos nele não há nada de infantil, simplesmente que há algo errado
com essa suposta falta de água no mundo, o que tal falta pode causar e
como a falta de conhecimento pode afetar a população. Até o nome “Rango” veio de uma marca, mostrando até que ponto as marcas nos influenciam. O diálogo com o Espírito do Oeste diz a Rango “Hoje em dia se inventa nome para tudo, são as ações que fazem o homem” e “Ninguém pode fugir da sua própria história”. Quem é o espírito do Oeste? Simplesmente  um
homem com um carrinho de Golfe e vários troféus. Basicamente, o filme
diz que ao seguirmos a civilização vamos chegar a falta de água, ou
melhor, distribuição injusta. De infantil de fato não há nada nesse
filme.







Escrito por: Rafael Pisani





Breve comentário :  Vimos que este filme gira muito em torno da água e podemos dizer que a mesma é um figura para conhecimento, logo se estivermos imersos em uma realidade falsa não temos essa água ainda como fonte, por isso muito das vezes somos enganados pelas falsas percepções das coisas e devemos esta em busca da verdade para nos liberta. É como Cristo disse : " Beba dessa água e não terá sede..", pois assim como naquela época como o povo era enganado pelos romanos e pelo sacerdotes, nós podemos está sendo enganados pelos políticos, pela mídia ou por outros que só desejam o seu interesse logo devemos ir atrás da água ( conhecimento )  verdadeiro para se libertar por completo da amarras do mundo.





Fonte: http://blogoosfero.cc/news/blog/analise-de-filme-rango-identidade-social-do-sujeito-agua-e-poder

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