Três horas de purgatório



O que será que
aconteceu com o frei Daniele durante aquelas horas? Onde esteve sua
alma? O frade relatou sua experiência no livro “Fra Daniele reconta”. Deste escrito, compartilhamos os seguintes trechos:


 


“Eu estava em pé diante do trono de Deus.
Pude vê-lo, mas não como um juiz severo, e sim como um Pai carinhoso e
cheio de amor. Então, percebi que o Senhor havia feito tudo por amor a
mim, que havia cuidado de mim do primeiro ao último instante da minha
vida, amando-me como se eu fosse a única criatura existente sobre esta
terra. Percebi também, no entanto, que eu não só não havia correspondido
a este imenso amor divino, senão que havia descuidado dele. Fui
condenado a duas-três horas de purgatório.


 


‘Mas como? – perguntei-me. Somente duas-três horas? Depois vou permanecer para sempre junto a Deus,
eterno amor?’. Deu um pulo de alegria e me senti como um filho
predileto. (...) Eram dores terríveis, que não sei de onde vinham, mas
se sentiam intensamente. Os sentidos que mais haviam ofendido Deus neste mundo: os olhos, a língua, sentiam maior dor e era algo incrível, porque no purgatório a pessoa sente como se tivesse o corpo e conhece, reconhece os outros como ocorre no mundo.


 


Enquanto isso, não haviam passado mais que uns poucos minutos dessas
penas e já me pareciam uma eternidade. Então pensei em pedir a um irmão
do meu convento que rezasse por mim, porque eu estava no purgatório.
Esse irmão ficou impressionado, porque sentia a minha voz, mas não me
via. Ele perguntava: ‘Onde você está? Por que não consigo vê-lo?’ (...)
Só então percebi estar sem corpo. Me contentei com insistir-lhe que
rezasse muito por mim e fui embora.


 


‘Mas como? – dizia eu a mim mesmo. Não seriam só duas ou três horas de purgatório?
Mas já se passaram 300 anos!’ – pelo menos esta era a minha impressão.
De repente, a Bem-Aventurada Virgem Maria apareceu para mim e lhe
supliquei, implorei, dizendo-lhe: ‘Ó Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, obtém para mim do Senhor a graça de retornar à terra para viver e agir somente por amor a Deus!’.


 


Percebi também a presença do Padre Pio e lhe supliquei: ‘Pelas suas
dores atrozes, pelas suas benditas chagas, Padre Pio meu, reze por mim a
Deus, para que me liberte destas chamas e me conceda continuar o purgatório
sobre a terra’. Depois não vi mais nada, mas percebi que o Padre Pio
conversava com Nossa Senhora (...). Ela inclinou a cabeça e sorriu para
mim.


 


Naquele exato momento, recuperei a possessão do meu
corpo. (...) Com um movimento brusco, me livrei do lençol que me cobria.
(...) Os que estavam velando e rezando, assustadíssimos, correram para
fora do quarto, para buscar os enfermeiros e médicos. Em poucos minutos,
o hospital virou uma bagunça. Todos pensavam que eu era um fantasma.”


 


No dia seguinte pela manhã, o frei Daniele se levantou sozinho da cama e
se sentou em uma poltrona. Eram sete horas. Os médicos geralmente
visitavam os pacientes às nove. Mas, neste dia, o Dr. Riccardo Moretti, o
mesmo que havia redigido o atestado médico de óbito do frei Daniele,
havia chegada mais cedo ao hospital. Ele parou na frente do frade e, com
lágrimas nos olhos, disse-lhe: “Sim, agora eu acredito em Deus e na Igreja, acredito no Padre Pio!”.


 


O frei Daniele teve a oportunidade de compartilhar sua dor com Cristo
durante mais de 40 anos após estes acontecimentos. Ele faleceu em 6 de
julho de 1994, aos 75 anos, na enfermaria do convento dos Irmãos
Capuchinhos de San Giovanni Rotondo (Itália).


 


Em 2012, foi aberta sua causa de beatificação e hoje ele é considerado Servo de Deus.





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