A somatização tem de ser tratada, pois pode enfraquecer as defesas do organismo.



Quando...



 A boca cala...



O corpo fala!



 



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Basta passar
por uma situação muito difícil, estressante ou problemática que o corpo
fica diferente: a cabeça dói, o resfriado aparece, a digestão se
complica, a respiração fica difícil ou a pele se enche de alergias. O
fato não é uma simples coincidência, mas um processo chamado pela
medicina de somatização, ou seja, a transferência para o corpo do que
deveria ser vivido e suportado apenas na mente.

Segundo os profissionais que trabalham com a medicina psicossomática,
todas as pessoas acabam provocando mudanças no corpo ao enfrentar
determinadas situações emocionais, principalmente as que produzem stress
e ansiedade. O que muda é a intensidade e a freqüência com que isso
acontece - de eventos ocasionais a transtornos repetitivos, que acabam
se tornando crônicos.



Desse modo, cada vez que uma pessoa não consegue suportar no plano
psíquico uma situação, ela acaba produzindo ou agravando sintomas e
doenças que se manifestam no corpo. Palpitações, gastrite e dores de
cabeça estão entre os sintomas mais comuns, mas a somatização pode
deixar o organismo com menos defesas para doenças sérias, como câncer,
além de prejudicar a recuperação de uma cirurgia, por exemplo.



"O stress e a ansiedade são os principais fatores que acabam por
influenciar no aparecimento, na manutenção ou repetição de uma doença
física, porque eles alteram o funcionamento de vários sistemas do nosso
organismo", explica o psiquiatra Carlos Andrade, diretor-científico do
Comitê de Medicina Psicossomática da Associação Paulista de Medicina.



No entanto, é possível controlar e até mesmo evitar que isso aconteça.
Mas a receita, que não é fácil e muito menos rápida, inclui o
autoconhecimento, a descoberta de válvulas de escape e uma mudança na
maneira de encarar os problemas e reagir a eles, de preferência com
acompanhamento de um psicoterapeuta.



SINAIS CEREBRAIS



Apesar de mudar de pessoa para pessoa, a somatização é explicada
cientificamente. Raiva, paixão, tristeza, medo e uma série de emoções
causam alterações no organismo, liberando ou inibindo a produção de
substâncias, como adrenalina, cortisol e serotonina.



Quando a pessoa fica durante muito tempo submetida a uma situação
diferente, ela desencadeia mudanças no sistema nervoso autônomo,
responsável pelos batimentos cardíacos, pela temperatura corporal, pela
digestão, pela respiração e pela sexualidade. Além disso, provoca
mudanças no sistema endocrinológico, que produz uma série de hormônios, e
no sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo.



Desse modo, a bagunça no corpo começa e os sintomas aparecerem - o local
escolhido depende da herança genética e racial de cada pessoa. "O
indivíduo tende a somatizar nas áreas do corpo que já estão mais
fragilizadas ou já tiveram um problema no passado. Depende das reações e
da composição física de cada pessoa", afirma Andrade.



Mesmo assim, os médicos afirmam que existe um perfil geral do
somatizador: pessoas extremamente ligadas ao mundo real, que dão pouco
espaço para elaborações psíquicas e em cuja vida não há muito espaço
para fantasias e imaginação. Sendo assim, acabam tendo pouco contato e
tempo para suas questões psicológicas.



"Como não conseguem eliminar as tensões de uma forma natural, aparecem
essas válvulas artificiais e as pessoas desenvolvem doenças físicas que
têm certamente origem emocional. A gastrite, por exemplo, pode ser uma
patologia do aparelho digestivo que se desenvolve à medida que aumentam o
stress e o desgaste do paciente", diz o psiquiatra Leonard Verea,
especialista em psicossomática.



Em algumas pessoas, o problema se acentua e aparece de uma outra
maneira. Ou seja, a pessoa sente sintomas de várias doenças, é examinada
pelos médicos, faz exames, mas não encontra nada no corpo que explique o
que sente. Nesse caso, não há doença física com o problema emocional. É
o transtorno de somatização, estudado pela psiquiatria.



"O paciente sente sintomas no corpo sem que haja uma causa física que
explique aquilo. E ele sofre porque não encontra uma causa. Geralmente,
são pessoas que recusam fazer um acompanhamento psicológico", explica o
psiquiatra José Atílio Bombana, do Programa de Atendimento e Estudos de
Somatização da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).



TRATAMENTO



Há cerca de dois anos, ao passar por problemas familiares, a estudante
de administração hoteleira Júlia Moraes Ramos, de 22 anos, começou a
sentir dores do estômago e a vomitar constantemente. Foi ao médico e
teve o diagnóstico: gastrite. "Ele me receitou remédios e um calmante
natural, para eu tomar quando ficasse muito nervosa. Era muito rápido.
Eu ficava nervosa, preocupada e uma hora depois começa a doer meu
estômago, apareciam aftas na minha boca, eu chorava", conta.



Logo depois, e seguindo a recomendação do médico, Júlia procurou uma
terapeuta. "Ela falou para mim que quando tenho um problema que não
consigo digerir acabo atacando o meu estômago. Depois da terapia
melhorei bastante, aprendi a não ficar fazendo mal para mim, tento me
entender e me controlar", diz.



A estudante seguiu o caminho mais recomendado pelos médicos. Segundo
eles, apenas tomar remédios para aliviar os sintomas ou curar a doença
não são suficientes. Sem mexer na origem do problema, a somatização
continuará. "A pessoa precisa ter a humildade de se olhar no espelho e
dizer: eu preciso mudar. E ter a coragem para mudar. Senão ficará se
repetindo para sempre", observa o psiquiatra Verea.



"A mudança acontece quando consigo conhecer minha capacidade,
incapacidade, bondade e maldade. Aí a pessoa pode discernir o que sente,
o que é dela e o que está absorvendo do ambiente em que está", diz a
psicóloga Maria Rosa Spinelli, da Associação Brasileira de Medicina
Psicossomática.




Fonte: O Estado de São Paulo - Simone Iwasso


 


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